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ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM PORTUGAL

Por José d'Encarnação

CASCAIS, 15.1.01. Realizaram-se, no passado dia 14 de Janeiro, as eleições para o cargo de Presidente da República Portuguesa. Apresentaram-se a escrutínio cinco candidatos:

- o actual presidente, Jorge Sampaio, que, segundo a lei portuguesa, poderia cumprir um segundo mandato e que contava com o apoio do Partido Socialista (PS) ora no poder;

- Ferreira do Amaral, apoiado pelo Partido Social Democrata (PSD), que fora ministro das Obras Públicas num dos anteriores governos;

- António Abreu, apresentado pelo Partido Comunista Português (PCP);

- Fernando Rosas, professor universitário e representante do Bloco de Esquerda (BE), força política resultante da convergência de vários movimentos da Esquerda portuguesa que, nas últimas eleições legislativas, lograra colocar um elemento seu na Assembleia da República;

- e Garcia Pereira, representante da "extrema esquerda", que, de há várias eleições a esta parte, se tem sistematicamente candidatado.

Os resultados apurados foram os seguintes: J. Sampaio, 55,8% dos votos expressos, pelo que, tendo obtido maioria absoluta, foi reeleito à primeira volta; F. Amaral, 34,5 %; A. Abreu, 5,13 %; F. Rosas, 2,98 %; G. Pereira, 1,59 %. Esperava-se que a abstenção fosse maior - não ultrapassou os 49,1 % - atendendo a que, apesar de tudo, Jorge Sampaio não tem sido um mau presidente e, por isso, seria, naturalmente, reeleito, na sequência, aliás, do que sucedera com os dois presidentes após a revolução de Abril: Ramalho Eanes e Mário Soares, que cumpriram ambos dois mandatos. Depois, os outros concorrentes não tinham carisma bastante para se lhe oporem. Em terceiro lugar, regista-se um enorme cansaço e desconfiança, por toda a parte, em relação à "coisa" política. No entanto, o facto de o PCP, ao contrário do que se esperava, não ter desistido a favor de J. Sampaio (exactamente porque sabia da sua vitória quase certa) levou os seus militantes às urnas, até porque importava fazer frente ao novel Bloco de Esquerda, que, na campanha, não se cansara de aliciar o eleitorado comunista.

Na manhã seguinte, o jornal Público abria a primeira página com o título "Abstenção ensombra vitória de Sampaio", porque, explicava, "Presidente perdeu 600 mil votos em relação à eleição de 1995". Essa perda detém, na verdade, um significado que, porém, não se deve procurar tanto numa confiança menor em relação ao presidente eleito mas sim num aviso que o povo português quis fazer ao Governo socialista. Não há ainda alternativa visível e credível para a governação; no entanto, diminuindo os votos em Sampaio, os eleitores pretenderam dar a entender que, nas próximas eleições legislativas e nas autárquicas, os socialistas estarão em maus lençóis se algo não mudarem na sua política.

O voto em Sampaio é, por outro lado, a certeza de que, reeleito para um segundo mandato e sabendo de antemão que não vai poder recandidatar-se, o presidente poderá vir a ter maior e mais efectiva intervenção política, sendo, de facto, o presidente de "todos os portugueses", independentemente da sua filiação partidária.





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Portugal-Post Nr. 13 / 2001


Jorge Sampaio (links) anlässlich der Verleihung des Preises der Stiftung "Casa da Cultura de Língua Portuguesa" an Dr. Peter Koj (Hamburg) am 30. 5. 1996 in der Universität Porto.
Die Preisverleihung war eine der ersten Amtshandlungen von Jorge Sampaio nach seiner ersten Wahl zum portugiesichen Staatspräsidenten.