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A voz “vivida” de Mísia

Por Romina Carneiro

Quando na noite de 5 de Dezembro de 2001 Mísia pisou com os seus pés descalços o chão da sala grande da Musikhalle de Hamburgo e entoou os primeiros sons de “Não quero Cantar Amores”, sentiu-se um silêncio pesado no ar. Apercebi-me logo que escutava alguém que adoptara o fado não apenas como profissão mas sobretudo como modo de vida. Para além de uma excelente voz, Mísia possui um dom ímpar de nos fazer sentir o fado debaixo da pele. E tem na verdade consciência disso, pois nos intervalos das suas músicas procurava sempre “consolar” o público com histórias interessantes e divertidas relativamente ao “nascimento” das músicas que ia cantando e com que ia encantando. Mostrou-se, de modo geral, mais humana do que aquilo que a maior parte de nós conhece dela. Assim no começo dirigiu-se ao público nestes modos: “Não é preciso perguntar se estão cá portugueses porque já sei que estão.” (aplausos, assobios) “Já senti, a sério” (Sorrisos). Disse que tinha vindo partilhar um momento especial com aqueles que se encontravam longe e sentiam saudade. Vi desta forma esvaírem-se os preconceitos, de que Mísia é uma cantora fria desprovida do dom de contactar calorosamente com o seu público.

As músicas que cantou com letras de Sá Carneiro, Agustina Bessa-Luís, e outros impressionaram sobretudo pelo seu poder convocatório da atenção, e sobretudo do sentimento, muito grande, tendo sido a apoteose o “Vivendo sem mim”, um belo poema de Amália acompanhado ao piano. Mas para não serem apenas tristezas, entrou perto do final com o picadinho de “Formiga” recebido com o humor que requeria por parte do público: “Mandei trinar a guitarra/ Para mostrar aos senhores/ Que esqueço todas as dores/ Quando a formiga é cigarra.” Voltou ainda aos fados pesados tendo cantado “Desespero” de Ary dos Santos mas terminou com o alegre “Fado Triplicado” com a intenção de não deixar o seu público demasiadamente melancólico e triste como se exprimira antes de terminar o seu esplêndido concerto de Hamburgo de 2001 com este alegre fado.





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Portugal-Post Nr. 17 / 2002