O último dia das minhas férias
Quinze dias de férias de
Natal no Alentejo tinham sido muito bons. O tempo fora agradável com
temperaturas acima dos 20° C, muito sol, pouca chuva.No dia 6 de Janeiro fui-me
embora, de carro alugado, para Lisboa. A partida do avião estava prevista para
as 4 horas da tarde. Ao pé da ponte Vasco da Gama, fiz uma pequena pausa, no
parque de estacionamento de um restaurante para ir à casa de banho. Como a
minha mala era pesada, levei somente o porta-moedas e o telemóvel. Fechei o
carro. Era uma e meia da tarde.
Passados
cinco minutos, quando eu voltei, as portas do carro estavam abertas e a minha
bagagem tinha desaparecida. Todas as coisas, os documentos, o bilhete de avião,
roupa, casaco, máquina fotográfica, tudo. No primeiro momento não podia
acreditar. O que é que eu deveria fazer? Uma situação terrível, como um
sonho mau. Telefonei para a guarda. Eles prometeram-me o envio duma patrulha.
Mas ninguém chegou. O tempo corria rápido, só faltavam duas horas para a
partida.
Decidi
continuar a minha viagem até ao aeroporto, cheia de dúvidas. Qual seria a
possibilidade de chegar a Hamburgo, sem bilhete, sem documentos? Muito à pressa
devolvi o carro e contactei o escritório da Lufthansa. Fui informada que o meu
nome aparecia no computador, mas sem documentos a prova da minha indentidade não
seria possível. Disseram-me que fosse à polícia para tentar obter uma
confirmação. Onde ficava a dita? Os minutos passavam rápido. Finalmente
encontrei o posto da polícia no aeroporto. O escritório estava cheio de
pessoas que também tinham sido roubadas. O tempo voava, a tensão crescia.
Apos
uma eternitade, eles mandaram-me preencher um impresso para descrever a minha
situação. Muitas perguntas, só em português, sem ajuda. Devido à pressa,
escrevi em inglês. Pouca sorte, eles não aceitaram. Tive de preencher mais uma
vez, em português. O tempo passou. Com uma cópia do impresso, o agente da
Lufthansa vendeu-me um bilhete. A partida do avião foi anunciada pela segunda
vez.
Entretanto,
veio-me à ideia que também não tinha chaves de casa, em Hamburgo. O telemóvel
só funcionava na rede portuguesa. Faltava ainda aprensentar o cartão de
embarque. Enquanto corria para a porta de embarque, a toda a velocidade,
telefonei a uma amiga em Hamburgo pedindo ajuda. Pelo altifalante fazia-se a última
chamada para a Senhora Karin Miedeck. Corri ainda mais depressa, cheguei sem
alento e o avião descolou. Além disso, estava muito frio em Hamburgo, na noite
do dia 6 de Janeiro, e eu sem casaco, só com T-shirt e calças de Verão.
Desde
então, tenho passado o tempo ocupada a tratar de novos documentos, o que também
é bastante caro. E, por último, um conselho: Quando quiser ir à casa de banho,
num parque de auto-estrada, leve o seu carro consigo!