.
  Wir über uns    Mitglied werden    Kontakt    Gästebuch


No Motor Show "Auto Clássico" no Porto:
Reencontro de Manoel de Oliveira e do "seu" bólide

Por Gudrun Walter*

Estávamos de malas feitas para o nosso voo do Porto, e quando abordámos o avião, a 28 de Setembro, o nosso Ford V8 Especial já estava num atrelado de caminho de Portugal. No aeroporto fomos recebidos por Maria Ortigão, filha do organizador do Motor Show. Do aeroporto fomos directamente para a Exponor, onde o Sr. Ortigão nos saudou com lágrimas de comoção, agradecendo-nos pela apresentação do antigo bólide de Manoel de Oliveira.

O carro ocupava um lugar de destaque no pavilhão 4, em cima de um estrado preto. Em volta grandes painéis mostrando corridas históricas com Eduardo Ferreirinha e Manoel de Oliveira e exibindo todos os troféus de Manoel e o volante original autografado por ele. Nos primeiros dois dias, o bólide e os painéis foram muito concorridos. Nós aproveitámos o tempo para dar longos passeios nas duas margens do Douro, voltando, repetidamente, para curtas visitas à exposição.

Finalmente chegou o 1º de Outubro. A visita de Manoel de Oliveira estava anunciada para as 15:00 horas. Chegámos com uma hora de antecedência e já lá estavam várias pessoas no "stand". Estava preparada uma pequena recepção com champanhe. Notámos dois casais já de idade que mostravam uma folha a qualquer um. Constou que se tratava de um artigo sobre o nosso carro publicado no Correio Luso-hanseático, tirado da net, e que agora mostravam a toda a gente. Foi assim que se selou um pacto e, apesar das nossas dificuldades de entendimento, entrámos em conversa amena.

Pontualmente, Manoel de Oliveira apareceu no nível mais alto do pavilhão, acompanhado pela mulher, o filho, a nora e alguns amigos. Parou e olhou primeiro para os painéis. Depois, foi-nos apresentado e juntos fomos lentamente para o carro. Demorou um pouco a dizer: "Muito confortável!" A seguir, contornou o carro e desatou na sua maneira calma: "Isto é o meu carro. O único com travões hidráulicos." Lestamente, o grande realizador português, com os seus bonitos 98 anos, tomou lugar no carro. Não escondeu o contentamento de estar sentado, após um intervalo de quase 70 anos, dentro do seu carro.

Quando exprimiu o desejo de o conduzir, os responsáveis não se fizeram rogados e tiraram o carro do estrado. Com algum custo, foi levado para o pavilhão ao lado, que tinha uma pista de "karts". Manoel de Oliveira entrou novamente no carro, mas não foi preciso explicar-lhe como arrancava. Ainda sabia tudo: onde encontrar a ignição, os pedais altos, dispor de escassas três mudan&ç;as e como lidar com a dificuldade de meter mudan&ç;as e de guiar.

Um Ferrari entrou no pavilhão e deu uma volta à pista. Com o seu barulho infernal atirou mais espectadores e a tribuna encheu-se. Sob um aplauso ensurdecedor, Manoel de Oliveira deu algumas voltas sozinho, patenteando uma tranquilidade, uma serenidade e uma alegria indescritíveis.

Um após outro, todos os antigos corredores - os senhores Menéres, Ferreirinha, Ortigão - e nós próprios demos várias voltas acompanhados pelo aplauso de milhares de espectadores. Dizia, então, a esposa encantadora de Manoel de Oliveira, a piscar os olhos: "Quando casámos, disse-lhe: ou corridas ou eu. Decidiu-se em meu favor, mas agora está outra vez no carro, rompendo a sua promessa."

O casal Oliveira agradeceu-nos muito por termos mostrado a Portugal e a eles o antigo carro de corrida. E foi assim que acabou uma tarde tão impressionante. Para a manhã seguinte estava programado o nosso regresso através deEspanha até Narbonne, onde nos esperava o comboio.

Nestes quatro anos temos percorrido um longo caminho, desde a aquisi&ç;ão do carro até a averigua&ç;ão da sua história e o restauro do carro. Muitas vezes, quando as obras não progrediam, fomos comidos por dúvidas: andaria o carro alguma vez? A velha técnica do motor V8 de 1934 continua a causar muitos problemas, ainda hoje.

A viagem até Portugal e depois o regresso dentro do bólide por Espanha até Narbonne não foi nada fácil. Saímos de Hamburgo com a no&ç;ão de irmos ao encontro de um belo evento. Mas o que vivemos foi a experiência mais bonita da nossa vida. Ver o grande Manoel de Oliveira ao volante do seu bólide e toda aquela gente fascinada por ele - uma experiência sem igual. Também os muitos portugueses amáveis contribuíram com a sua cordialidade.
Obrigado.

Tradução: Peter Koj


* Os nossos sócios Gudrun e Doutor Axel Walter informaram-nos, desde o início, da compra do bólide, que antigamente pertencia ao realizador Manoel de Oliveira. Leiam os artigos sobre a história do carro e sobre o seu primeiro aparecimento em público após o restauro, nos números 32 e 35 da nossa revista.






Impressum         Disclaimer
.
Portugal-Post Nr. 36 / 2006


Manoel de Oliveira vor "seinem" Rennwagen auf der "Auto Classico" in Porto




Manoel de Oliveira




Manoel de Oliveira dreht noch einmal eine Runde




Manoel de Oliveira in seiner aktiven Zeit



Pode ver mais fotografias no
Diashow "Manoel de Oliveira"