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Leseabend in der Susettestraße

Am 23.Februar war es mal wieder soweit: die Freunde der portugiesischen Literatur fanden sich zum schon traditionellen Leseabend in der Susettestraße ein, um sich über den zuletzt ins Deutsche übersetzten Roman von António Lobo Antunes, As Naus auszutauschen. Er ist unter dem Titel „Die Karavellen kehren zurück“ in der Übersetzung von Maralde Meyer-Minnemann im letzten Jahr bei Luchterhand erschienen. Das Original stammt bereits aus dem Jahr 1988 und galt lange als unübersetzbar. Doch im Zuge der deutschen Gesamtausgabe gelang es Maralde Meyer-Minnemann trotz des ungeheuren Zeitdrucks (sie muss die ständig neu erscheinenden Werke des unaufhörlich veröffentlichenden Romanciers parallel dazu übersetzen, so dass ihr für die Naus nur 2 ½ Monate zur Verfügung standen) das Antunische Werk kongenial ins Deutsche zu übertragen. Dass ihr dieses in überzeugender Weise gelungen ist, darüber waren sich alle Anwesenden einig. Auch dass es eine verdienstvolle Leistung der Übersetzerin darstellt, ein Glossar beigefügt zu haben, das dem deutschen Leser hilft, all die historischen Figuren und Örtlichkeiten einordnen zu können. Maralde Meyer-Minnemann war selbst anwesend und konnte so authentisch über ihre Zusammenarbeit mit dem portugiesischen Autor berichten, über die Schwierigkeiten, welche die Übertragung seiner eruptiven und überbordend metaphorischen Prosa ins Deutsche bereitet, aber auch über die Probleme mit einem wenig sensiblen Lektor.

Mehr Uneinigkeit hätte man bei der Frage des Geschmacks und der persönlichen Einschätzung des kontroversen Romans erwarten können. Doch offensichtlich fanden alle Gesprächsteilnehmer Gefallen an dieser burlesken Abrechnung mit dem portugiesischen Entdeckermythos. Besonders angetan waren die durch ihre Erziehung im salazaristischen Portugal direkt Betroffenen. So wusste Edgar Cabral, selbst Teilnehmer des Kolonialkrieges, zu berichten, dass schon damals hinter vorgehaltener Hand so manches offiziell gepredigte Ideal sich den Spott weiter Kreise der Bevölkerung gefallen lassen musste. Und Marianne Beyerle, Tochter von Prof. Harry Meier, die 7 Jahre in Lissabon verbrachte (Näheres dazu in ihrem autobiographischen Buch „Sieben Jahre Lissabon. Kinderszenen in bewegter Zeit“, Hamburg 1995), erinnerte sich an das heroische Pathos, das in den Schulbüchern der Zeit herrschte. Schließlich erfreute Pedro Piel, als Sohn von Prof. Joseph Piel in Coimbra geboren und aufgewachsen, die Anwesenden mit einem vorformulierten Exposé, in dem er den Roman und das Vergnügen an ihm ganz aus dem als Schüler erfahrenen und erlittenen Mythos der damals herrschenden Doktrin darstellt. Wir möchten unseren Lesern dieses Vergnügen nicht vorenthalten:

Como num surf nas ondas da Internet, onde as imagens se encobrem e descobrem sucessivamente, aqui o autor sobrepõepalcos de acção diferidos no espaço e no tempo, numa sequência de alucinações dos narradores e de metamorfoses dos protagonistas, aquém e além-mar, num presente e num passado duma história de Portugal lendária, onde, com a aparição de uma imagem, se apaga a anterior, à semelhança de miragens sucessivas provenientes do sub-consciente. O leitor sente-se desnorteado, como no jogo da cabra-cega, ou deslumbrado, debaixo duma abóboda espacial, a assistir à escaramuça desencadeada pelo fogo de artifício do passado contra os peidos malcheirosos do presente.

Qualquer geração nova desenvolve, entre si e a nível subversivo, a sua linguagem própria. Esta, no nosso caso, já não se situa no tempo actual, é a linguagem específica daqueles que foram para África já muito antes de 1974. É aquela fala, quanto mais descarada melhor, que o autor terá aprendido sobejamente nos seus tempos de estudante e miliciano e empregado no intuito de transgredir a convenção dos bons costumes, numa atitude comum dos jóvens mandriões daquela época, já que as raparigas, numa intuição tìpicamente feminina, se cingiam mais àquela imagem que delas a sociedade projectava. Observe-se também, que os adultos, a certa altura, perdem aquela garra de matizar a linguagem com esses palavrões rosnados no intuito de dar a entender que não somos anjinhos e, envelhecendo, então verdadeiramente sabidos, abandonam a disputa por um lugar reconhecido no meio dos valentões. Claro está – quem disputa é malcriado.

No caso de Lobo Antunes fica no nosso ouvido a ressonância desses arrotos monstruosos deflagrados lá das bandas de Benfica para compensar o défice de à-vontade daquela época. Será essa a linguagem dos anos 50 e 60, naquela época da “odiosa brutalidade dos contínuos de liceu”. E lá os vemos, aquela sacanagem toda em fila: o sr. Abreu, o sr. Felisberto, o sr. Jesuino, o sr. Saúl, nomes a imporem a ordem no D. João III como património do estado (novo).

Temos aqui as histórias de uma malta de retornados, que já lá estavam há tanto tempo em África, e que nas suas expressões de frustração chegam ao ponto de se identificarem, numa retrospectiva de 300, 400, 500 anos, com os heróis do mar e os heróis santos glorificados nos livros escolares do autor (Antologia Portuguesa para o 3°, 4° e 5° ano do liceu, Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano). Caem, por assim dizer, daqueles degrauzinhos olímpicos, a que tinham sido elevados pelos nossos mestres e pelos livros únicos do liceu e pelas histórias de quadradinhos daquela época, catrapuz para uma vala comum de histórias de faca e alguidar.

É a redução dos egrégios avós a uma condição humana verídica, à condição de portuguesinhos reles; reles como todos nós, presumidos de ser algo de especial. De grandes exemplos de nobreza moral, tal como nos fora impingido no liceu, passam a rufias e vigaristas. Como nos casos de Francisco Xavier, o santo jesuita, confrade de Inácio de Loyola, que se revela como chulo parasitário que troca a própria mulher, ainda bem novinha, por um bilhete de avião de regresso a Lisboa; e de Manuel de Sousa de Sepúlveda, aquele que, num acto de nobre pudor, se enterrara em terras de África com a esposa, D. Leonor, para que não se vissem nús, agora reduzido a mafioso sem escrúpulos; ou nos casos do Vasco da Gama, que não passa de um batoteiro de biscas e suecas, ou do Diogo Cão, um maltrapilho fodilhão constantemente agarrado ao frasco.


Bleibt nur noch eins hinzuzufügen: die Wahl des Buches, das im Mittelpunkt des nächsten Leseabends in ca. einem Jahr stehen soll, fiel auf Lídia Jorges prämiertes Werk „O Vale da Paixão“ (siehe den Zettelkasten der Portugal-Post Nr.12, S.5), erschienen bei Publicações Dom Quixote. Die Hamburger Übersetzerin des Romans (bei Suhrkamp unter dem Titel „Die Decke des Soldaten“ erschienen), Karin von Schweder-Schreiner, hat ihr Erscheinen bereits zugesagt.





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Portugal-Post Nr. 15 / 2001


Maralde Meyer-Minnemann, Gunhild Minnemann




Marianne Beyerle, Maralde Meyer-Minnemann, Dr. Peter Koj




Carlos Marques, Pedro Piel, Marianne Beyerle




Rainer Stern, Erika Koj, Pedro Piel