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Amália-Rodrigues-Weg

Por Peter Koj

O Senado da Cidade Franca e Hanseática de Hamburgo decidiu, na sua reunião de 15 de Maio, que uma rua desta cidade ficará com o nome de Amália Rodrigues, justificando a sua decisão com o argumento de que a grande fadista, "numa carreira de mais de 50 anos, se tornou a lendária voz de Portugal". Assim foram coroadas de êxito as diligências da Associação Luso-Hanseática junto das autoridades da nossa cidade.

A ideia proveio do nosso perito em matéria de fado, Helge Dankwarth, que deve ter sido o último cidadão alemão a ver a grande vedeta ainda viva. Foi a 1 de Outubro de 1999 convidado a tomar um chá com ela na sua vivenda em Brejão (veja o seu relato na Portugal-Post 9, pp.6-8). Nessa ocasião, lembrou-se também da sua actuação em Hamburgo em meados dos anos 60. Cinco dias mais tarde, a 6 de Outubro de 1999, Amália faleceu na sua casa de Lisboa. Já em Agosto de 2001, Helge Dankwarth mandou às entidades responsáveis de Harburgo, bairro com maior presença lusa, um pedido para que fosse dado o nome de Amália Rodrigues a uma rua ou praça. Em reposta à reacção positiva do lado do departamento pelos assuntos distritais, na pessoa do Sr. Jörg-Olaf Thießen, sugerimos como lugar mais indicado um espaço ao pé do Außenmühlenteich.

Infelizmente a nossa proposta foi recusada pelos vereadores de Harburgo. Mais sorte teve a nossa segunda tentativa suportada por alguns argumentos do nosso reponsável pela pasta da cultura, Doutor Peter Koj (veja caixa), perante a assembleia dos autarcas de Altona. Foi votado favoravelmente e seguiu caminho para o Senado.

O lugar escolhido não é, porém, tão verdejante e bonito como o de Harburgo. Trata-se de um pequeno beco de cerca de 110 metros, no meio do triângulo formado pelas ruas Schützenstraße, Leunastraße e Leverkusenstraße. Ficará com o nome

Amália-Rodrigues-Weg

É um bairro mais votado ao comércio, mas muito perto, na própria Schützenstraße, há um retalhista ibérico com vários artigos vindos de Portugal. E fica ao pé do bairro de Ottensen com a sua forte presença lusa (veja o artigo Novas da cena lusa em Ottensen na Portugal-Post 21, dedicado ao tema Portugal em Hamburgo).

A inauguração terá lugar a 24 de Outubro pelas 11 horas, com a presença da senadora da cultura de Hamburgo, senhora Horáková, o Embaixador português em Berlim, S.E. Sr. Dr. João de Vallera, e o Cônsul-geral de Hamburgo, Sr. Dr. Fernando Manuel Gouveia de Araújo.

Tal como está a acontecer um pouco por todos os lados em Portugal (no mês de Maio, p. ex., a Praça do Multiusos no Fundão passou a ser Praça Amália Rodrigues), ficará homenageada também em Hamburgo a famosa cantora portuguesa, para grande contentamento não só da numerosa comunidade portuguesa, mas também de todos os aficionados do fado, que é mais do que uma simples forma musical.

Amália Rodrigues, de nome completo Amália da Piedade Rebordão Rodrigues, nasceu a 23 de Julho de 1920 na Mouraria, bairro de origem árabe e, tal como Alfama, terra do fado. Vindo de precária situação económica, a pequena Amália sustentou a família a vender flores na rua. Cedo se estreou como fadista e, em 1939, actuou em Madrid, dando início a uma carreira jamais igualada por outro artista português. Foi grande vedeta nos palcos de todo o mundo, sendo o concerto no Olimpia de Paris o que mais ficou na memória.

Muito cedo começa a ultrapassar os limites do fado tradicional servindo-se de textos de poetas clássicos e modernos (Camões, Alexandre O'Neill, David Mourão Ferreira etc). Foi apoiada nestas tentavias por Alain Oulman, que nem é português, mas sim um marroquino de ascendência sefardita. A esta cooperação, que durou até à morte de Alain Oulman, devemos os mais bonitos fados da Amália como Gaivota, Com que voz, Maria Lisboa. Outros títulos que tornaram Amália imortal são: Estranha forma de vida, Povo que lavas no rio, Lágrima, Ai Mouraria, Barco negro, Casa portuguesa, Vou dar de beber à dor (que lhe valeu um Disco de Ouro em 1973) e Casa de Mariquinhas.

Entre 1946 e 1966, actuou em vários filmes, onde mostrou também talento: Capas Negras (1946), Fado (1947), Amantes do Tejo (1954), As Ilhas Encantadas (obteve o prémio da melhor interpretação feminina), entre outros. Tendo-se comprometido de algum modo com representantes do regime salazarista, ficou "fora de moda" depois da revolução de 25 de Abril de 1974. Passou por uma fase difícil, enclausurando-se por alguns meses num hotel nova-iorquino, onde chegou até a pensar suicidar-se. Mas nunca foi esquecida pelo povo português que continuou a venerá-la com devoção. Esta devoção tornou-se apoteose nos últimos anos da sua vida, com a Amália vendo-se festejada e condecorada em Portugal e no estrangeiro.

A sua morte enlutou o país inteiro, e o seu caixão, num acto comovente, foi exposto no Panteão Nacional para o povo poder despedir-se dela. Menos dignificante foi a altercação que depois se deu sobre o destino final dos seus restos mortais. Primeiro, ficaram num jazigo no cemitério dos Prazeres (onde jazem muitos outros artistas portugueses, entre eles o grande fadista e seu amigo Alfredo Marceneiro, que ela ainda acompanhanou na sua derradeira viagem em Junho de 1982). Este jazigo tornou-se rapidamente em sítio de romaria criando situações que já não se coadunavam com o carácter pacífico de um cemitério. Por sugestão do próprio Presidente da República, foi decidido transladar os restos mortais de Amália Rodrigues para a Igreja Santa Engrácia, ou seja o Panteão Nacional. Foi a primeira mulher que teve esta honra e lá se encontra, desde 7 de Julho de 2001, o seu sarcófago junto com os de 7 grandes homens da vida espiritual e política de Portugal (Sidónio Pais, Teófila Braga, Carmona, Humberto Delgado, Almeida Garrett, João de Deus e Guerra Junqueiro).

Este templo, na sua austeridade de mármore antigamente quase sempre "às moscas", fervilha agora de visitantes que deixam ramos de flores e outros sinais de carinho, fazendo jus ao ditado "Amália é do povo". Outro pólo de atracção dos admiradores amelianos é a casa da Amélia na rua S. Bento número 193, que foi transformada em museu. Desde 25 de Julho de 2001, todos os dias, menos às segundas-feiras, das 10h às 18h, pode visitar-se o espólio da fadista, sobretudo as suas famosas jóias e a sua roupa. E até há um musical que celebra a vida e obra dela, da autoria do conhecido encenador Filipe La Féria. Durante mais de um ano, teve lotação esgotada todas as noites no Teatro Municipal de S. Luiz, até fins de Setembro do ano passado, mudando depois para o Teatro Politeama e viajando em tournée até Paris.

Talvez a forma mais bonita da veneração de Amália Rodrigues seja que, entretanto, há um grande número de jovens fadistas que tentam preencher a lacuna deixada pela sua morte e que, seguindo as suas peugadas, não se limitam a imitá-la mas renovam o fado, doa a quem doer. Algumas já alcançaram considerável êxito, não só em Portugal, mas também no estrangeiro. Para citar alguns dos nomes mais conhecidos, nomeio Dulce Ponte, Mísia, Mariza, Cristina Branco, Mafalda Arnauth, Marta Dias, Anabela Duarte, Ana Sofia Varela, Ana Moura etc.



Argumentos favoráveis a uma rua ou praça de Hamburgo ter o nome da fadista portuguesa Amália Rodrigues (1920 - 1999)

A famosa fadista Amália Rodrigues (morreu a 6 de Outubro de 1999) é uma das personagens portuguesas mais eminentes do séc. XX. A transladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional, onde jaz como única mulher entre os grandes homens da vida política e espiritual de Portugal, é só um sinal de veneração entre os seus compatriotas de todas as cores.

Isto pode dizer-se com ainda mais justiça para os milhões de portugueses radicados no estrangeiro. Para eles, Amália Rodrigues representa um alto valor como figura de identificação com a língua e cultura portuguesas. Hamburgo, com mais de 10.000 milhões portugueses, é um dos grandes pólos da emigração portuguesa. Representam a maior comunidade da União Europeia em Hamburgo. Altona é, depois de Harburgo e o centro, o bairro com a maior concentração lusa.

Outros marcos da presença portuguesa em Altona:

  • Há uma grande variedade de pastelarias, restaurantes e mercearias portuguesas
  • Em centros culturais como "Fabrik" e "Werkstatt3" é apresentada a cultura portuguesa (inclusive fado). Um dos responsáveis da "Werkstatt 3" é filho de emigrantes portugueses
  • Em Ottensen, encontra-se a sede da "Associação Luso-Hanseática" com quase 250 sócios, a maior associação luso-alemã a nivel regional.
  • Em Othmarschen, há o único liceu Hamburgo que ensina Português como língua estrangeira ("Gymnasium Hochrad")
  • No cemitério luso-judaico na Königstraße, 2.000 campas esplêndidas, com as suas inscrições em português (estão na lista de espera para património cultural da UNESCO), são testemunho da importância que os sefarditas portugueses têm tido, desde a sua vinda (cerca de 1590), para Hamburgo e Altona como comerciantes, médicos e sábios.





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Portugal-Post Nr. 24 / 2003





Amália Rodrigues
(1920 - 1999)
© Silva Nogeira von der CD Ouro, O Fado Amália Rodrigues, Movieplay Portuguese




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Amália Rodrigues




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