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Os incêndios em Portugal

Por Luís Carvalho

O que sucedeu este ano em Portugal, jamais poderá acontecer. "Chora, terra bem queimada! A paisagem é de morte, é preciso fazer renascer a esperança" (Jornal do Fundão, 29/8/03).

Eis alguns números a não conter as lágrimas. Até 31 de Agosto de 2003, já arderam cerca de 330 mil hectares entre povoamentos e matos, sem incluir a área agrícola. Os fogos queimavam casas, fábricas, edifícios públicos (escolas p.ex.), parques desportivos, viaturas privadas e dos bombeiros, máquinas agrícolas etc., e já ceifou a vida de mais de 20 pessoas. Os danos materiais ascendem a mais de 1000 mil de euros.

Todos os indícios levam a crer que, na esmagadora maioria dos casos, se trata de fogo posto. Mas até 31 de Agosto, apenas foram detidos 73 pessoas. Quem são os responsáveis por este inferno? Só falar nos "pirómanos de algibeira", de atrasados mentais, de jovens analfabetos, desempregados sem futuro e de velhos senis, meio loucos, apanhados a atear fogo nas matas e florestas, não é suficiente, pois existem outros interesses muito bem cobertos. Na "máfia" dos fogos postos, entram os madeireiros, imobiliários, bombeiros, produtores, vendedores e fornecedores de material destinado ao combate aos incêndios, pilotos de aviões e helicópteros, alugadores destas naves aéreas etc.

Mas o Estado também fica entre os réus. Nas matas do Estado, nada é limpo. Guardas florestais e guardas rios acabaram. Cantoneiros também já não existem. Bombeiros profissionais não aumentam, tal como os bombeiros voluntários. A maioria do material está obsoleto face a estas frentes do fogo posto. Os aviões que combatiam os incêndios nas serras algarvias, tinham de vir às pistas de Tires, perto de Cascais (!) para receberem manutenção abastecimento etc. Na ida e vinda perdiam duas horas e meia, tempo que o fogo aproveitava para progredir, destruindo vidas e haveres.

Horríveis imagens, dantescas, as que observei na A 23 de Abrantes para as Mouriscas com o fogo a atravessar toda a largura das quatro pistas, de um lado para o outro da auto-estrada. Quase que entrei em pânico. Horrível! Fogo no histórico pinhal de Leiria, em Mação (onde ardeu toda a floresta concelhia), Vila de Rei (centro geodésico de Portugal), a "Mata Real" de Mafra e quase toda a serra de Monchique (um amigo que vive em Lagos, teve portas e janelas sempre cerradas e carro na garagem, porque as nuvens carregadas de pó, cinzas, carvão, entravam em casa e davam-lhe cabo de tudo; assim, luz acesa noite e dia e "aprisionado"...).

E o futuro? Os fogos continuarão, enquanto estiverem interesses financeiros em jogo. Mais aviões e helicópteros portugueses para combater os fogos e transportar doentes, são necessários. Apoio militar nos meios que possuem ao seu dispor. Melhor coordenação entre bombeiros profissionais, amadores e populares, que são os primeiros a estarem presentes e a serem atingidos. Necessitam aprender e actualizarem novas técnicas de combate a fogos dentro das florestas. Vigilância permanente, limpeza de valetas, do mato, ervas, restos de caruma etc. que se acumulam durante o ano no solo das áreas afectadas. Abertura de novas vias de acesso a carros de bombeiros ao interior das florestas e novas bocas de incêndio, ligadas a poços, albufeiras etc. E pesadas penas para os mafiosos que enriquecem com os incêndios e fogos em Portugal.





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Portugal-Post Nr. 24 / 2003


Durch Feuer zerstörtes Anwesen - Foto von Rui Ochôa aus dem EXPRESSO vom 9.9.2003




Brände im Monchique-Gebirge