À procura do fado vadio
Por Peter Koj
Quando estive em Lisboa em Dezembro de 2003 para preparar o volume da editora Merian sobre a metrópole lusa, pus-me também nos rastos do fado vadio na finalidade de inserir uma rubrica sobre esse fenómeno tão falado quão desconhecido. O fado vadio é, regra geral, cantado por fadistas amadores em tascas ou em colectividades de cultura e recreio, enquanto a forma mais turística, o chamado fado comercial, é apresentada nas casas de fado do Bairro Alto e de Alfama (sobre esses termos e mais outros, consulte o meu pequeno dicionário do fado nas páginas 9 e 10 do "Correio luso-Hanseático" 9).
O ponto mais alto dessa "caça" ao fado vadio foi uma noite que passei, a convite do meu amigo Luís, na "Tasca do Careca", pequeno clube ao pé do Saldanha. Lá estivemos com dois fadistas bastante conhecidos, pai e filho, Henrique Manuel e Lino Manuel (a mãe, Maria de Fátima, dona da "Severa" no Bairro Alto, é provavelmente ainda mais conhecida).
Ao que parece, eu era o único estrangeiro. De resto só "aficionados", entre eles muitos fadistas ou profissionais que estavam de folga das suas respectivas casas de fado, ou amadores que pacientemente esperavam a sua vez de intervir. Cada fadista tinha direito a três ou quatro fados e passava testemunho sem grandes intervalos. Assim, assisti a um espectáculo ininterrupto de quase vinte fadistas, alguns deles de idade bastante avançada. Quem pôs ao rubro os muitos jovens entre o público foi o nosso amigo Lino Manuel, sinal de que o fado continua vivo na nova geração.
À mesa, mostrei ao Lino uma lista dos lugares de fado vadio publicada pelo Museu do Fado ("Casa do fado e da guitarra portuguesa") e o fadista não se fez rogado a corrigir e actualizar essa lista. Primeiro, quis publicar a nova lista no livro da Merian, mas, pensando melhor, desisti. Teria sido uma espécie de "traição", pois esses lugares vivem do anonimato e da privacidade. São dicas que se passam entre entendidos e o aparecimento de "hordas" de turistas estrangeiros seria o fim do fado vadio. Assim, a minha rubrica sobre o fado (Merian, p.115) restringe-se a informações sobre casas de fado comercial que se podem recomendar. Mas, para os entendidos da nossa associação, eis a tal lista actualizada, mas com alguns avisos: não apareçam em grandes números, não perturbem a actuação dos fadistas a falar ou rir alto e avisem a nossa revista, quando algum endereço já não bater certo ou quando encontrarem outros lugares ainda não listados. Além disso, não assumimos qualquer responsabilidade pelos dados seguintes.
- A Tasca do Careca
R. Eng.º Vieira da Silva, 2-A
Tel. 213 575 265
- Solar do Fado
Calçada da Memória, 57-A
Tel. 213 644 451
- Os Ferreiras
R. S. Lázaro, 150/152
Tel. 218 850 851
- Elementar
R. D. Francisco Melo, 36-A
Tel. 213 883 631
- Timpanas
R. Gilberto Rola, 24
Tel. 213 906 655
- Clube Oriental de Lisboa
R. Gualdim Pais
Xabregas
- Academia Filharmónica Verdi
R. Arco do Carvalho, 158
- Caldo Verde
Trav. Do Poço da Cidade, 40
Bairro Alto (abre às 3ª, 4ª, 5ª)
- Lusitano Clube
R. S. João da Praça, 81 r/c
Tel. 218 869 472
- Academia de Recreio Artístico
R. dos Fanqueiros, 286 1º
Tel. 218 874 854
- Lisboa Clube Rio de Janeiro
R. da Atalaia, 120
Tel. 213 421 369
- Grupo Sportivo Adicense
R. Norberto Araújo, 19
Tel. 218 860 433
- Grupo Excursionista Vai Tu
R. da Bica Duarte Melo, 6/8
Tel 213 460 848
- Academia Recreativa da Ajuda
R. D. Vasco, 69 D
Tel. 213 637 264
- Grupo Desportivo da Graça
R. Senhora da Glória, 16/18
Tel 218 863942
- Vendedores de Jornais
Futebol Clube
R. das Trinas, 56
Tel. 213 977 613
- Grupo Desportivo da Moraria
Trav. da Nazaré, 21 1º
Tel. 218 870 058
- Marítimo Lisboa Clube
Calçada da Bica Grande, c/v dtº
Tel. 213 427 657
- Sport Lisboa e Campolide
R. Vítor Barros, 31-A
Tel. 213 858 041
- Carnide Clube
R. Neves Costa, 69/71
Tel. 217 140 743
- Sociedade Musical
Instrução Libertada
Calçada do Galvão, 51
Tel. 213 639 863
- Grupo Recreativo e Desportivo Amadorense
R. do Cruzeiro, 237
Tel. 213 632 887
- Onze Unidos
R. Dr. Manuel Espírito Santo
Tel. 218 680 489
|
. |
|
Portugal-Post Nr. 33 / 2006
|
|
Fotografie von Luis Pavão aus dem Buch "Fado Português".
(siehe dazu die Buchbesprechung)
|
|